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sábado, 1 de fevereiro de 2014

CAIO E O DRAGÃO DOURADO - Parte 1

CAIO E O DRAGÃO DOURADO (Parte 1)



Existem muitas histórias sobre dragões e matadores de dragões. Na maioria das vezes, os dragões são criaturas pouco ou nada amistosas, enquanto que os seus adversários, ao vencê-los, recebem a fama de heróis.

Mas agora eu pergunto: E se o herói se recusasse a matar o dragão por não achá-lo verdadeiramente hostil?... Você ainda o chamaria de herói, ou diria que ele é covarde e só está mesmo procurando uma desculpa para não enfrentar o dragão?

Antes que você rotule a recusa do herói em matar o dragão de nobreza de caráter ou covardia, deixe-me contar-lhe uma história que ouvi quando ainda era criança.

Certa vez, um músico apaixonou-se por uma princesa. Embora o seu amor fosse correspondido, ele só poderia desposá-la quando trouxesse para o rei a cabeça do temido dragão dourado.

Entretanto, para o nosso músico apaixonado, matar, fosse lá o que fosse, representava o mais desprezível ato que um ser humano poderia cometer.

Seria o seu amor forte o bastante para ajudá-lo a empunhar a espada e sujá-la com o sangue do dragão? Ele procurava desculpar-se com a princesa, dizendo:

– Cândida, sinto muito, mas não posso matá-lo. Temos que encontrar um meio de fazer com que o seu pai compreenda isso.

A princesa retrucava impaciente:

– Já estou cansada desse seu sentimentalismo, Caio.

Depois, para provocá-lo, acrescentou:

– Ou será que é a sua covardia que o impede de satisfazer a vontade de meu pai?...

Chocado com a insinuação de sua amada, Caio respondeu:

– Não sou eu o covarde. Covardia é o seu pai querer a cabeça daquela criatura inofensiva.

Furiosa, a princesa exclamou:

– Inofensiva?! Como ousa dizer que aquele animal repugnante é inofensivo?!

– Talvez, o dragão seja repugnante; contudo, não se tem notícia de que ele tenha atacado alguém antes de ter sido provocado. Além disso, nunca feriu ninguém gravemente.

– E vamos esperar que isso aconteça, para depois matá-lo?!... Por causa desse monstro, ninguém mais passeia pela floresta. As pessoas vivem ansiosas, com receio de que ele apareça quando menos se espera. Você terá que matá-lo, ou do contrário...

Caio ficou olhando para a princesa Cândida, esperando que ela continuasse. Sem hesitação, ela acrescentou:

– Não haverá casamento, porque eu direi a meu pai que não desejo me casar com um covarde.



Continua...



Sisi Marques


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